TESTAMENTO
À
prostituta mais nova
do
bairro mais velho e escuro
deixo
os meus brincos, lavrados
em
cristal, límpido e puro...
e
áquela virgem esquecida
rapariga
sem ternura
sonhando
algures uma lenda
deixo
o meu vestido branco
o
meu vestido de noiva
todo
tecido de renda...
este
meu rosário antigo
oferece-o
áquele amigo
que
não acredita em Deus...
e
os livros, rosários meus
das
contas de outro sofrer
são
para os homens humildes
que
nunca souberam ler.
Quanto
aos meus poemas loucos
esses,
que são de dor
sincera
e desordenada...esses que são de esperança
desesperada
mas firme
deixo-os
a ti, meu amor...
Para
que na paz da hora
em
que a minha lama venha
beijar
de longe os teus olhos
vás
por essa noite fora...
com
passos feitos de lua
oferecê-los
às crianças
que
encontrares em cada rua...
ALDA LARA
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